Gente querida do meu coração, é feriadão de carnaval e tiramos para descansar, ler, dormir, colocar a conversa em dia, dar notícias e matar um tantinho a saudade das pessoas que adoro.
Como sabem, enfrentei problemas com a conexão por mais de um mês e nesse tempo fiquei sem net, usei conexão de uma amiga, tentei novamente assinatura de uma conexão sem fio (comprovadamente não tenho sorte com esse tipo de serviço), agora já resolvemos o problema em casa e espero que esteja mesmo estabilizado.
Agora tenho que contar uma história, assim, como diria.... algo bem incomum na vida de qualquer pessoa:
Em 2000 ganhei um cachorro da raça poodle, chamava-se Doug Fanny (nome escolhido pelo desenho animado do Doug que eu sempre adorei).
Ele tinha uma vida muito alegre e feliz. Era um poodle diferente, era dócil demais, obediente e carinhoso com todo mundo e muito queito. Desde novinho, descobri que era doentinho do coração e assim passei a dobrar os cuidados veterinários e com mais cuidado para prolongar sua vidinha sem sofrimento.
Passado a parte, quando me mudei para São Paulo trouxe ele comigo e se adaptou muito bem, apesar de já estar com quase 10 anos. Eu sempre trazia comigo para nossa loja, ficava livre, dormia embaixo do balcão e nunca saía a rua sozinho. O comportamento dele era muito admirado pelos clientes, pois ficava na dele, sem latir, sem estranhar ninguém.
Em março/10 estava na porta da loja com ele e minha sobrinha de 2 anos e não sei de onde surgiu um pitbull que levou ele pela boca, sem puder fazer nada... Nem preciso dizer o quanto isso me dói até hoje quando faz um ano do ocorrido. Demorei muito para me acostumar com sua ausência, assim como demorei me acostumar com o novo pet que ganhei de minha sogra dias depois do ocorrido, parecia que eu me recusava a colocar outro no lugar dele.
Mas, assim como o mundo gira, as coisas mudam e eis o que a vida me coloca:
No início de fevereiro, veio parar na porta da loja um cão da raça pitbull, não conseguia andar direito e tinha ferimentos na pele. Ele chegou, deitou e ali ficou impedindo a entrada de carros no estacionamento interno. Muitas pessoas (inclusive eu) ficaram assustadas e indignadas com a situação do animal. Chamamos a prefeitura três vezes e nada de virem acudir o animal. Confesso que até 'xinguei' o responsável pela administração pública municipal porque fazer propaganda é fácil, não cumprir é imoral!
Então a Edmélia, minha vizinha de comércio teve a idéia de tentarmos cuidar dele, pelo menos para que pudesse melhorar um pouco e voltar para rua. Apareceu também outra vizinha, a Tiemi. Começamos uma luta para salvar o animal. Edmélia que é mais acostumada com cão de maior porte foi quem mais se aproximou dele, que aceitou o carinho e não reagiu com agressividade, logo vimos que ele confiou nela de cara. Liguei para o veterinário que recomendou a medicação. Edmélia dava comida na boca do bicho e Tiemi corria com as ligações telefônicas e publicações na internet para tentar um local para abrigá-lo temporáriamente ou adoção.
Assim ficamos quase uma semana: durante o dia, ficava amarrado na minha loja, a noite dormia na sacada de Edmélia (que já tem cinco cães em casa e apesar da amizade imediata, não podia adotar por falta de espaço) e essa situação ficou insustentável. A noite ele uivava muito triste e passou a incomodar uma pessoa idosa que mora na mesma casa. Era de dá pena de ver aquele animal grande tão triste, doente e indefeso.
Foi então que Tiemi, através do namorado dela, conseguiu contato com a Claudia, presidente da ONG Clube do Vira Lata, que nos ofereceu ajuda imediata, mas já avisou que estava lotado e não poderia abrigá-lo. Então o levamos na sede do Clube, lá em Ribeirão Pires para uma consulta geral e avaliação veterinária.
Imaginem vocês a cena: três mulheres (eu dirigindo o carro) e um pitbull enorme dentro de um fiesta! Todos ficaram admirados com o comportamento do animal, muito tranquilo, mesmo assim admito que fui corajosa!
A equipe veterinária constatou que ele estava bem, apesar dos ferimentos na pele, e que pelo aspecto que apresentava de ser bem cuidado, não era animal de rua, então deduzimos que ele fugiu ou foi abandonado pelo dono (pior das hipóteses e que representa a mais dura crueldade com um animal).
Então com muita ajuda da ONG Clube do Vira Lata e outras pessoas conhecidas, conseguimos hospedá-lo em Cotia na clínica Hospeda Bicho, onde ele podia receber todos os cuidados necessários.
Assumimos as despesas enquanto corríamos atrás de alguém para adotá-lo e também pedir ajuda financeira pois sabíamos que, apesar da ajuda pela indicação da ONG, o valor não ia ser baixo porque ele precisou de vacinas e medicamentos.
Ficamos dias e dias perguntando quem podia adotar o animal e nada de conseguirmos, era sempre a mesma resposta e espanto... parece que muita gente tem a mesma opinião sobre a fama da raça: MEDO. Confesso que eu também tenho, morro de medo e com razão, poderia ter até mesmo muita raiva, mas parece que Deus trabalha nosso coração e foi assim que ajudei aquele animal, sem pensar no que aconteceu com o meu Doug e nos muitos ataques de pitbull registrados a pessoas.
Semana passada enfim surgiu um rapaz que o adotou, lhe deu o nome Thor e assim ele foi para o novo lar. Já recuperado, mais forte e muito mais alegre, nem parecia aquele animal triste que pedia socorro pelo o olhar.
Tivemos muita sorte, ajuda divina e de muitas pessoas que se dispuseram a ajudar divulgando o caso e pedindo ajuda para adoção, outras ajudaram financeiramente e muitos apoiaram a iniciativa de não deixarmos o animal morrer na rua, pois era o único fim certo para ele naquele estado.
Sei que a opinião é quase uninânime de que a raça é violenta e agressiva, mas o que aprendi com informações de profissionais da área é que são animais fortes e muitos são treinados pelo dono para atacar, são "treinados" para briga e poir, para rinha. Por outro lado, quando criados de forma adequada, são animais dóceis com todos, mesmo assim é preciso ter cuidado com a convivência e contatos, principalmente com pessoas estranhas.
Enfim, resolvi escrever esse post, não para defender os animais violentos, mas apenas como desabafo pela revolta contra aqueles que "falsamente" gostam de animais, criam e jogam na rua.
Quanto ao meu medo de cães da raça pitbull, continua e inclui outras raças até mesmo aquelas de pequeno porte que podem fazer um estrago ao atacar, mas o que mudou mesmo foi meu olhar em relação aos animais abandonados na rua, se antes já queria ajudar, a partir de agora farei isso mais vezes.
Pedido: Quem mora em São Paulo, gosta de animais e puder ajudar o Clube do Vira Lata, entra no blog ou facebook e vejam o trabalho da ONG. Estive lá pessoalmente, vi o trabalho deles e estão de parabéns. Só com muito amor no coração para se doar com tanta dedicação.